segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A estação mais alegre do ano

A rua se parece com os filmes de deserto que assistimos na TV, com algo que se assemelha a uma neblina e embaça e confunde os olhos.

O dia se arrasta em meio a uma permanente sensação de pressão: o mundo pressionando cada centímetro da pele contra os ossos; a pele, já sem espaço para continuar a cobrir o corpo, parece se proteger da temperatura disparando inofensivos jatinhos de água que escorrem pela testa, pelo pescoço, pelas costas, em direção ao chão de areia movediça que parece querer sugar os pés até o centro da Terra - como se o calor insuportável ainda não fosse suficiente, como se lá no meio de tudo estivesse mais agradável.

Chego em casa a noite e ainda está quente. O calor é tanto que eu quase me esqueço que estou lavando louça e me sinto culpada por estar desperdiçando tanta água para satisfazer um prazer - que, em dias como esse, beira a necessidade física.

A próxima atividade da noite é lavar roupa e, quando leio a embalagem do Vanish que pede que água morna seja usada no processo, eu penso comigo Que dia perfeito pra lavar roupa branca. Muito obrigada, Senhor, pelo calor infernal.

As velas do jantar já se derretem sozinhas - adestradas, pelo futuro que as espera ou pessimistas prevenidas, prevendo o futuro e já se antecipando a ele. Noto que o vinho que banha as peras que tenho de sobremesa está em temperatura ambiente. Sopa de pera. Caldo de pera.

Por último, antes me deitar - e, com sorte, dormir - passo os olhos pelo calendário e constato: de acordo com os ciclos menstruais da natureza, o verão só começa daqui dois meses. Enquanto isso, vamos fritando no ventre da Terra.

Um comentário:

Maíra Colombrini disse...

Huauauuhauauhhuahuauh!
Vc num faz idéia de como está aqui...
Boa srote com o calor.

Bjs

PS - entre no link doce psicose no meu blog, vc vai curtir.