Chuva fina no meu para-brisa
Vento de saudade no meu peito
Visibilidade distorcida
Pela lágrima caída
Pela dor da solidão
Adoro quando estou parada no trânsito e vejo aquela chuva fina caindo suave no vidro da frente. Desligo o limpador e observo as gotículas que caem quase que ritmicamente, como um balé de lágrimas choradas por um céu cinzento e triste, e escorrem rapidamente para baixo, para o chão, juntar-se com as outras milhões de lágrimas choradas antes delas, formando um rio de tristeza na sarjeta.
O semáforo demora a abrir e eu me pergunto se o que está embaçando é o vidro ou se são meus olhos. A boa visão vai ficando comprometida e as gotas vão caindo cada vez em maior quantidade, até que resolvo limpar o vidro, assim como uma criança limpa os olhos depois de chorar copiosamente dentro uma loja de brinquedos, pedindo algo que o pai não pode dar - quem chora mais, o pai ou o filho?
O vermelho vira verde, e eu rumo para casa, enxugando os olhos para enxergar o caminho de volta pra você.
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Um comentário:
Lindo.
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