sábado, 20 de junho de 2009

Que Admirável que Nada!

Quando eu disse a um amigo que eu não havia gostado de Admirável Mundo Novo, ele me olhou como se eu fosse verde e portasse duas graciosas antenas no topo de minha cabeça.

Então explico: é claro que se eu levar em consideração que o livro foi escrito no início da década de 30, não posso pensar outra coisa além do fato de Huxley ser um tremendo - fiadaputa - dum visionário, já que várias das coisas que ele citou em sua longa narrativa estão presentes nos nossos dias ou começando a aparecer. Claro que os diálogos foram excelentes, principalmente a conversa do Sr. Selvagem com o Administrador no final do livro, na qual aquele último explica ao primeiro como funciona a sociedade em que eles vivem e o porquê de certas coisas que o Selvagem não consegue entender - foi meu trecho favorito.

Mas o fato é que eu nunca gostei daqueles filmes de ETs em que eles sempre vêm dominar a Terra e escravizar os seres humanos. Ou daqueles filmes futuristas que mostram apenas miséria e um ser humano dependente de máquinas.

Eu, com todo o meu pessimismo, me recuso terminantemente a acreditar que o futuro vai ser assim. Que o ser humano vai ser gerado em laboratórios e condicionado a viver de tal ou tal maneira - e de humano não vai sobrar muita coisa. Que existirá uma divisão de seres superiores e inferiores criados propositalmente. Me recuso a acreditar que "mãe" será um palavrão pior que o nosso pior palavrão de hoje em dia ou que a leitura de Shakespeare será proibida por ser considerada imoral. Me recuso a acreditar que as pessoas serão encorajadas a não ter sentimentos um pelo outro e que uma droga qualquer vai nos tirar da realidade no momento em que esta se tornar desagradável para nós.

Me recuso a acreditar em tudo isso apesar de ser ingenuidade minha querer tapar os olhos pra coisas que já estão acontecendo.

Se não pensarmos que haverá um mundo melhor no futuro, então pra quê continuar vivendo? E aquela não pode ser a melhor concepção de futuro que o ser humano pode apresentar. Pelo menos não pra mim.