segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Saga

Você quer ser como ela, quer ter a vida dela, por mais miserável que seja. Esse é o grande problema da indústria cinematográfica: eles fazem você esquecer da sua vida, dos seus problemas, das suas contas por cerca de duas horas, até que você tem que cair na realidade novamente. Por mais atrapalhada que alguém esteja, sempre parece mais atraente e interessante no cinema do que na vida real.

Isso nos leva àquelas histórias fantasiosas, impossíveis, incríveis. Vampiros x lobisomens. Quem não gostaria de estar no meio deles? De ser amiga de ambos, namorada de um deles? O tema não é novo. Mas ainda chama a atenção, ainda desperta o interesse. Não paro de me perguntar como a Saga Crepúsculo pode ter feito tanto sucesso. O único motivo a que eu consigo atribuir tamanho sucesso é uma versão adolescente desse universo fantástico (censura maiores de 12 anos, que público vasto!!), somada a rostinhos bonitos e abdômens - muito - bem definidos. Num país onde as pessoas leem 1,3 livro por ano (incluindo livros pedagógicos e didáticos, onde vamos parar?!), graças à Saga, esse número já subiu um pouco.

Quase um conto de fadas. Mas sem fadas.

Os livros são vazios, cheios de capítulos que estão lá apenas para aumentar o número de páginas, para fazer volume, que ficam dando voltas, mordendo o próprio rabo. A autora não consegue disfarçar sua crença no catolicismo, esquecendo-se talvez, de que estava escrevendo um livro de vampiros, colocando referências aqui e ali. A mocinha quer se tornar um deles, o mocinho impõe uma condição: só casando. A mocinha se casa com o mocinho e eles têm um filho (!) half human half vampire (!!). E então a mocinha finalmente "vira mulherzinha e entra para o clã", mas não sem antes ressuscitar ao terceiro dia de sua passagem do mundo dos vivos para o mundo dos mortos (yea, right..).

Eu sugeriria à autora que fosse escrever livros de auto ajuda e afins, mas aparentemente esses deram certo, o que torna minha sugestão, digamos, inútil.
Ok, keep going, then. Qualquer coisa para aumentar nossos vergonhosos índices de leitura.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lacuna

Seus cabelos ruivos balançavam. Mas não balançavam ao vento, e sim, ao movimento rítmico que ela fazia, sentada naquela cadeira desconfortável que estava tão próxima da parede que chegava a fazer sulcos.
Esperar simplesmente a deixava louca. Mas ali estava ela, esperando. E não havia nada mais que ela podia fazer.

Ainda assim, sentia necessidade de se colocar em movimento. Olhava para todos os lados até descobrir algo que poderia fazer. Finalmente encontrou um copo mal encaixado no suporte, que estaria prestes a cair. Levantou-se rapidamente e foi arrumá-lo. Estava voltando a sua cadeira, mas resolveu dar voltas. Sete passos pra lá e tornava a fazer o mesmo caminho de volta. Pra lá e pra cá.

Sentia que tinha atividades não terminadas, que estava perdendo tempo, que teria muito a fazer se pudesse estar em casa. Como se já não tivesse feito tudo antes de sair.

Voltou a sentar-se, inquieta, balançando as pernas como uma criança que não consegue tocar o chão quando está sentada na cadeira da mesa de jantar, entediada com o prato de verduras que a mãe colocou em sua frente porque você tem que comer direito, minha filha, pra crescer forte e saudável.
Seus dedos começaram a tocar a cadeira ao lado, como duas baquetas mostrando como se faz um rock pesado. Resolveu procurar um chiclete na bolsa, para mastigar sem sentido e sem propósito enquanto folheava mecanicamente a primeira revista de fofocas que retirou da mesa ao lado.

Finalmente a porta se abriu, um jovem saiu do consultório andando lentamente e no mundo da lua, até que uma figura materna lhe acudiu perguntando como foi sua terapia hoje? O menino começou a responder no exato momento que ela se virou e viu o rosto enrugado da médica na porta, sorrindo e esperando por ela.

Pulou da cadeira imediatamente e cuspiu o chiclete fora antes de entrar.

domingo, 1 de novembro de 2009

Querido Diário,

Hoje eu levei a cancela do Sem Parar. E economizei seislão.
Ooops! Sorry...